quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Então, aqui estou eu. Muitas incógnitas, poucas convicções. Sem a certeza sobre o que escrever, mas com vontade. A vontade basta? Se bastasse talvez eu não estivesse aqui, ou pelo menos não sob as atuais condições. Se bem que... Aquilo que eu sentia era vontade? Vai ver, era apenas convenção. Necessidade (ou obrigação?) de me mover. A existência é um movimento. Então, o que dizer sobre todos aqueles momentos em que eu estive inerte? Eu vivi? Ou será que eu estava presa em alguma superfície de transição entre a realidade e a total ausência de tempo e espaço? Meu Deus (você existe?), como saber? Eu tenho medo, de um jeito que eu nunca tive antes. Medo de não abrir os olhos, medo de não dar um passo, medo de não mudar.

Assim como Macabéa em A Hora da Estrela, eu estou grávida de futuro. Vejo um universo de possibilidades sendo gerado dentro de mim e me sinto iluminada. Mas há nele uma possibilidade que me apavora: a de estar alimentando um natimorto.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pra que eu fique oficialmente de férias falta apenas um vestibular, o da Universidade Federal de Pernambuco, que será nos dias 20 e 21. Como escolhi medicina, vou ter que responder provas de física, química e biologia, além de língua estrangeira e redação, que são obrigatórias pra todos os cursos. E, depois disso... liberdade! \o/
Se bem que, devo confessar, tratei de antecipar essa liberdade há vários dias. Como só teria duas semanas de aula no mês de dezembro, decidi continuar no curso pré-vestibular com uma única matéria isolada, minha querida biologia, o que significa que hoje é o último dia em que eu precisarei andar sob o sol quente, pegar ônibus e ficar a tarde inteira colada numa cadeira, com as veias pulsando.
Já entrei pela madrugada estudando várias vezes durante o ano, mas agora mal consigo abrir um livro. Preciso mesmo dizer que EU ESTOU CHEIA DE TUDO ISSO! CANSEI! E nem me incomodaria mais se alguém dissesse que na verdade eu sou uma grande preguiçosa e que todos os meus reais concorrentes estão estudando enquanto eu estou aqui, entregando os pontos.
Estou mesmo é em clima de férias! Sábado passado minha irmã me levou pra comer sushi (pela 1ª vez na vida)! Explico melhor: sempre achei linda a culinária japonesa e sempre desejei, do fundo do meu coração, gostar do sabor dela. Só tem um pequeno problema: não suporto o gosto de peixe. Imagina então ele cru! Mas como alguns são livres dele, resolvi experimentar, dando pulos de alegria. E... não deu! Primeira mordida e eu já não podia esconder minha frustração e minha careta. Mesmo os que tinham só arroz, alga e frutas pareciam estar impregnados de um terrível gosto de peixe. Anyway, foi tudo bem divertido.
E aproveitando que minha irmã e eu estávamos num raro momento de união e harmonia total, decidimos fazer uma trilha no domingo pela manhã. Aqui na minha cidade existe um lugar chamado Serra Negra, que é, bem, um grande conjunto de serras cheio de mata. Mês passado tinha ido com um guia pra conhecer uma caverna, e como sabia mais ou menos o caminho, arrastei minha irmã pra trilha que chegava até lá. Como resultado, mais de duas horas caminhando no meio do mato. E com direito a funk (devidamente filmado e guardado pra posteridade).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Metalinguagem

Então eu decidi que precisava escrever. Mas havia um problema: o que exatamente eu escreveria? Como eu escreveria? Textos argumentativos, quatro parágrafos, coesão, coerência, conclusões vagas, fuga parcial ao tema... Chega! Não posso mais fingir que tenho opiniões bem definidas sobre o indivíduo frente à ética nacional, sobre o estresse causado pelo excesso de informação!
Não quero escrever algo que precise de uma nota nem que me diga se estou capacitada ou não pra fazer alguma coisa na vida. Quero apenas sentar tranquilamente e deixar o lápis tomar um rumo indefinido. Sair assim, escrevendo sobre qualquer coisa, deixando as palavras surgirem sem a expectativa de agradar.

Ei, acho que consegui...

domingo, 5 de julho de 2009

Um conto?

Escrevi essa incógnita abaixo ano passado, digitei no Word e lá ela permaneceu inalterada até hoje. Foi algo que me veio de súbito, não sei como, mas que tem uma certa relação com alguns sonhos que eu tive na época. Talvez sirva como pedaço de um conto ou de qualquer coisa que eu queira escrever num futuro próximo.
Como tudo que eu abandono no Word, o texto é inconsistente, fraquinho, mas nasceu de uma forma muito espontânea e por isso mesmo é especial pra mim.
. . .

Eu não sei como vim parar aqui. Nem ao menos sei onde é aqui. Desconhecer esse chão em que sou obrigada a pisar é como quando alguém tem consciência de que está tendo um pesadelo no meio da noite e não consegue despertar.
Tudo é tão desconfortável quanto ser repentinamente desligada de todas as leis físicas com as quais aprendi a conviver. Ser desligada de tudo o que me guiava.
Todas as velhas percepções e convicções violentamente esmagadas pelo desconhecido e imersas num vazio infinito. Acho que não posso mensurar essa nova dimensão... Tentar fazê-lo é tão inútil quanto contar carneirinhos antes de dormir!
Aliás, dormir é algo que não consigo fazer bem há muito tempo. Se é que o tempo existe por aqui, porque o céu, o ar e o clima parecem ser imutáveis, de forma que não faço idéia se agora é dia ou noite. Todas as coisas são envoltas por uma espécie de vapor meio púrpuro, quente e que faz arder os olhos.
Como eu queria voltar para minha casa! Ou pelo menos para algum lugar em que eu possa reconhecer traços de minha velha civilização.
Mas enfim... Talvez seja melhor voltar um pouco ao princípio, à linha tênue que separa essas realidades tão distintas e estranhamente tão iguais. Mundos que parecem sobrepostos uns aos outros, imprimindo uma sensação apavorante sobre eternos déjà vus e não-existências.
Eu estava em um lugar, não sei... Acho que muito longe daqui. Deitada em minha cama, coberta por lençóis. Sempre achei que esse fosse o local mais seguro do mundo. Aliás, se esse mundo um dia chegasse a desabar, eu sabia exatamente o que fazer: esconderia-me em baixo da cama.
Quanto ao resto, não me lembro muito bem agora. Sei que tenho um pai e uma mãe. Ou pelo menos tive, sei lá. Minhas memórias parecem ter sido codificadas. Sei que elas estão dentro de mim, mas não consigo traduzi-las por inteiro. Às vezes flashes de lucidez são projetados em minha consciência e consigo lembrar de coisas triviais. Mas aí vem uma escuridão lenta e profunda e minha mente parece ser mergulhada em uma solução de entorpecentes. Luzes de diversas cores vêm se aproximando, se aproximando... Dançando como uma brisa de fim de tarde, invadindo minhas pupilas, atirando-me num sono imensidão sem fim.
Sempre acordo no mesmo lugar. Não importa o quanto eu ande, o quanto eu corra, o quanto eu grite. Sempre me deparo com esse concreto imundo, de metros e metros de altura, me engolindo com ar triunfal. É por isso que dormir o máximo possível parece o melhor a se fazer. Pelo menos dormindo eu tenho o privilégio de estar onde eu quiser e com quem quiser. Ou mesmo sozinha e em lugar nenhum. Posso até brincar de não ser e não estar.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Pseudo-férias

A cidade onde eu estudo (que não é a mesma onde eu moro) se chama Caruaru e carrega a fama de ter “o melhor São João do mundo”. Daí que meus professores aproveitaram a semana em que as coisas bombam por lá pra dar o tão esperado recesso, que terá exatos sete dias e será o ÚNICO ATÉ DEZEMBRO.
Segundo meu professor de biologia, aqui ou você escolhe viver ou passar no vestibular. E bem, pra quem quer desesperadamente os dois, uma semana só de férias vai ser punk. Mas eu decidi que não vou reclamar não, vou só aproveitar ao máximo: dormir 14 horas por dia, caminhar no jardim, ver filmes, fotografar, usar a internet irresponsavelmente e ouvir Gold Lion até vomitar.