Então, aqui estou eu. Muitas incógnitas, poucas convicções. Sem a certeza sobre o que escrever, mas com vontade. A vontade basta? Se bastasse talvez eu não estivesse aqui, ou pelo menos não sob as atuais condições. Se bem que... Aquilo que eu sentia era vontade? Vai ver, era apenas convenção. Necessidade (ou obrigação?) de me mover. A existência é um movimento. Então, o que dizer sobre todos aqueles momentos em que eu estive inerte? Eu vivi? Ou será que eu estava presa em alguma superfície de transição entre a realidade e a total ausência de tempo e espaço? Meu Deus (você existe?), como saber? Eu tenho medo, de um jeito que eu nunca tive antes. Medo de não abrir os olhos, medo de não dar um passo, medo de não mudar.
Assim como Macabéa em A Hora da Estrela, eu estou grávida de futuro. Vejo um universo de possibilidades sendo gerado dentro de mim e me sinto iluminada. Mas há nele uma possibilidade que me apavora: a de estar alimentando um natimorto.
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